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16 de set. de 2010

A CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO COM DOBRADURAS DE PAPEL (ORIGAMI) PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALUNO DO ENSINO FUNDAMENTAL.

A CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO COM DOBRADURAS DE PAPEL (ORIGAMI) PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALUNO DO ENSINO FUNDAMENTAL.

RESUMO
Este estudo busca compreender e propor o Origami como uma prática pedagógica possível nas séries iniciais do Ensino Fundamental, de acordo com alguns autores representativos da área de Origami e de alguns pressupostos teóricos que dizem do processos ensino / aprendizagem e desenvolvimento infantil. Ela procura apontar / explicar parte dos procedimentos aplicados como parte dessa técnica – o Origami – articulando-os a dimensões significativas da arte e da atuação do professor para ensiná-la. Entende-se Origami, como instrumento da aprendizagem e inserção da cultura de um povo na sala de aula. Procura contar um pouco da história desta milenar arte oriental por entender sua importância no processo de significação do seu ensino.

Palavras-chave:
Origami – Educação – Arte.


“ Todo Origami começa quando
pomos a mão em movimento.
Há uma grande diferença entre
compreender alguma coisa através
da mente e conhecer a mesma
coisa através do tato”.
Tomoko Fuse
  
Introdução


Escolhi o assunto do Origami, uma arte milenar japonesa, por conhecer esta técnica há algum tempo e saber que esta oferece recursos para auxiliar o desenvolvimento cognitivo e motor de todo aquele que dele se utiliza. Entendo que os professores são os mediadores no processo de aprendizagem. O trabalho com dobraduras de papel é um recurso pertinente para auxiliar o professor nos conteúdos a serem trabalhados em sala de aula, como fonte de visualização espacial de um objeto, cujas explicações se encontram nos livros, ou seja, ver o que está se lendo.
Diante dessas informações formulei a seguinte questão problema: Em que medida o trabalho com dobraduras de papel (origami) pode contribuir para o desenvolvimento cognitivo motor do aluno do Ensino Fundamental?
Para desenvolver esta pesquisa, estabeleci os seguintes objetivos:
Analisar as contribuições da com dobraduras de papel (origami) para o desenvolvimento do aluno do Ensino Fundamental.
Para que isso aconteça formulei algumas questões que são:

  • O que é arte?

  • Como e onde iniciou esta tradição artística das dobraduras?

  • O que os teóricos dizem sobre o ensino de arte no Ensino Fundamental?

  • O que diz o PCN sobre o ensino de artes ?

  • Quais as etapas do desenvolvimento infantil, e o processo de aprendizagem?

  • Quais as características pedagógicas das dobraduras de papel?

  • Quais os resultados possíveis das atividades com as dobraduras de papel para o desenvolvimento e a aprendizagem ?
O Origami, arte milenar japonesa, oferece recursos para auxiliar o desenvolvimento cognitivo motor de todo aquele que dele se utiliza, por ser um fascinante mundo de criação. Seu uso milenar tem contribuído para o desenvolvimento e melhor qualidade de vida para o ser humano. Seu uso e aplicação enquanto técnica pode auxiliar e contribuir para o desenvolvimento infantil. Este estudo pretendeu enfocar crianças de 1a a 4a serie do Ensino Fundamental por acreditar que, o Origami pode colaborar para o desenvolvimento do potencial pleno de cada indivíduo, enfatizando a observação, a persistência, a meticulosidade, a concentração e atenção, a autoconfiança, o esforço pessoal, a coordenação motora fina e,sobretudo, a criatividade.
Essa monografia se constitui a partir de uma pesquisa bibliográfica, sobre a arte do Origami auxiliando no desenvolvimento do aluno do Ensino Fundamental das escolas particulares e públicas. Como fonte primária de pesquisa bibliográfica,
No desenvolvimento da pesquisa busquei colher idéias já produzidas por teóricos como: Froebel (1852), Vigotski (1984), Kanegai (1988), Gênova (2000), Piaget (1954), nos quais busquei encontrar subsídios para descrever o papel do origami na Educação Fundamental. Utilizei ainda os PCNs, a LDB e textos dos autores ligados a arte-educação como: Barbosa (1991), Camargo (2000) e Buoro (1998), entre outros.
No capítulo I , trato sobre o conceito de arte e o que os teóricos falam sobre isso, o que dizem os PCNs, o Origami, as fases do desenvolvimento.
Já no capítulo II, trato as contribuições da arte do Origami.
No capítulo III, tecerão algumas considerações sobre o conjunto deste trabalho.


Capítulo I
1.1 Uma breve incursão pelo conceito de Arte. 
A arte é uma das manifestações de uma cultura, que o homem cria para satisfazer uma necessidade de beleza. Com uma simples estrutura, a arte deslumbra todos que a conhecem, pois representa um momento na vida daquele povo e naquela sociedade em que ocorre a manifestação, mesmo que este objeto não tenha nada prático e útil na criação.

“Assim é que vamos encontrar, mesmo nos povos mais primitivos, o gosto pela decoração , pelo emprego de linhas, formas e cores que nada têm a ver com o desempenho prático do objeto, e que apenas servem para lhe conferir uma categoria ou uma superioridade. Não se pode deixar de considerar outros fatores importantes, como o sentido místico, espiritual, religioso da obra de arte.” (SOUZA,1980,p. 3)

Tudo que o homem cria, nessa criação ele expressa sua imaginação e sua criatividade. Muitas vezes este é o momento em que está refletindo sobre os assuntos sociais e culturais e, com este ato, transmite o seu pensamento publicamente, podendo ser ou não censurado na sua liberdade artística, pois o público alvo deste trabalho às vezes não consegue vê-lo, como diz o artista crítico Ferreira Gullar,(1994) (-) quando situa muito bem essa junção entre o pensamento e a execução:

“O que define o modo de formulação estética- e determina a vitalidade da expressão – é essa unidade do pensar e do fazer : o artista não sabe a solução senão quando termina a obra- ela é a resposta ‘a indagação que a fez nascer. Se o artista já sabe a resposta, antes de fazer a obra, a obra é desnecessária.”(GULLAR, p.78,1994)


Estética, a partir da filosofia, é o que Chauí (2004) nos informa quando diz que é o: “estudo das formas de arte, do trabalho artístico; idéia de obra de arte e de criação; relação entre matéria e forma nas arte; relação entre arte e sociedade, arte e política; arte e ética.” (p.58)
A sensibilidade artística do homem na relação com a natureza leva o artista a exercer o jogo estético com a realidade para produzir suas imagens. “No percurso histórico que se segue, vemos que a arte caminha cada vez mais em direção a uma representação mais abstrata, icônica ou simbólica.” (BUORO, 1998,p.24)
A partir disso irei começar a contar um pouco das influências artísticas da China no Japão no início do século VI. as bases religiosas e culturais chinesas foram assimiladas pelos japoneses, entre elas a importância da gravura e o caráter popular que representa uma vida alegre e feliz, pois o que importa para eles é o ritmo e a linha, com total ausência de sombra, sem a preocupação com o relevo e a perspectiva, sendo uma gravura convencional, mas ao mesmo tempo com muitas cores e com obras notáveis.
Num levantamento bibliográfico inicial, pude perceber que a arte do Origami é tão antiga quanto o surgimento da primeira folha de papel, que ocorreu há 1800 anos na China pela maceração de cascas de árvores e restos de tecido Com a sua chegada ao Japão no século VI e X, foram sendo utilizadas fibras de Koco, Gampi e Mitsumata (plantas da montanha das florestas do Japão) que eram somente utilizados pela nobreza por ser um produto de luxo, para molde dos quimonos e eventos religiosos. (SÁ,1997) 
Essa arte começou quando, na Era Heian (794-1192) passa-se a produzir a matéria prima, que é o papel. O Período Muromachi (1338-1392) difundiu as 70 primeiras dobraduras de papel. Com isso ampliou o número das famílias que faziam Origami, porque cada criança aprendia com a sua mãe. É uma arte que passa de geração para geração, e em 1876 começou a ser utilizada nos currículos escolares. (KANEGAE, 1988)
Esta arte milenar japonesa significa “ori=dobrar / kami=papel” e é uma pratica que relaxa e aumenta a autonomia do aluno, sendo empregada em diversas atividades, podendo transformar-se em enfeites, auxiliar na sala de aula, nos consultórios, nas decorações em geral. (GILBERT, 1991)
Ainda segundo o autor, quando escreve sobre a tradição das dobraduras de papel (Origami), que ocorre há muitas gerações, mostra-se que na confecção desta arte seguem-se passos na hora de executá-la e têm-se uma seqüência para se aprender esta técnica, começando nas dobraduras mais simples, para as mais complexas. Com isso, o indivíduo terá uma maior habilidade manual e poderá assim desenvolver a capacidade de persistência e de paciência para conseguir aprimorar, criar e imaginar novas peças.
O Origami pode colaborar para o desenvolvimento do potencial pleno de cada indivíduo, Vigotski fala sobre isso desta forma:
Desenvolvimento Potencial: é o que a criança faz com ajuda de alguém mais experiente. Como exemplo um quebra-cabeça para uma criança de 3 anos que realiza a tarefa apenas com a ajuda de seu irmão mais velho ou de um adulto. Esse nível é bem mais indicativo no desenvolvimento mental do que aquilo que a criança realiza sozinha. (VIGOTSKY, 1984, p.26).  
É necessário, a partir desse desenvolvimento mental, enfatizar no desenvolvimento da criança a observação, a persistência, a meticulosidade, a concentração e atenção, a autoconfiança, o esforço pessoal, tornando-as capazes de aprender e compreender esta arte fascinante. (FOELKER, 2003)
Esta técnica das dobraduras de papel auxilia ao professor de educação artística, pois desperta nas crianças a construção da identidade cultural, com trabalhos sistemáticos a respeito das diversas culturas, para criarem objetos artísticos e decorativos para a sala de aula, que podem ilustrar a narração das histórias, lembrar eventos comemorativos e principalmente ser um momento de concentração, criação e divulgação de uma arte, como bem coloca Iavelberg (2003),

“Sabe-se que a formação cultural é indispensável, porque remete o professor e o aluno à única forma possível de aprender, que é o criar” (SANS, 1994) .Assim, o Origami pode ser utilizado em sala de aula motivado, tanto pelos alunos como pelo educador para o conhecimento da cultura local e da cultura artística mundial.
 
Foi Friederich Froebel (1782-1852) quem pela primeira vez utilizou desta arte obtendo sucesso junto à sua turma de educação infantil, ao usar as dobraduras iniciais em sua prática pedagógica, onde usa esta arte nas salas de aula com toda a filosofia de educação ocidental, que nasce suas pretensões alterar ou substituir o ensino tradicional da Educação Infantil e do Ensino Fundamental existentes, com isso houve mudanças positivas na educação. A criança é que tem que estar agindo para aprender e escolher o caminho a seguir a partir da imaginação e do seu potencial.
A partir de então, o uso das dobraduras de papel passou a ser difundindo na Europa onde essa prática já era passada pelas mães que ensinavam seus filhos. Como se dá o entendimento da humanidade com essa arte?  

"Entende-se que a relação do homem com o mundo não é uma relação direta, pois é mediada por meios, que se constituem nas " ferramentas auxiliares" da atividade humana. A capacidade de criar essas ferramentas é exclusiva do homem, e é através delas que os processos de funcionamento psicológico são fornecidos pela cultura" ( REGO, 2000, p.07).


No Ocidente, a partir da década de 50, a arte do Origami cresceu significativamente. O número de crianças que já praticavam em salas de aula, já pesquisava seu valor e significado sócio-histórico que foi comprovado e reconhecido nas suas particularidades e diferenças étnicas.
Sua utilização na cultura local também pode ser vista, através de uma peça que retrate a história do país divulgando, assim, a cultura local de forma criativa e motivadora. (SÁ, 1997)
  
É provavelmente este o caminho que mais de perto os professores deverão seguir, se utilizando desta técnica japonesa, que atualmente está presente no mundo todo, mas que ainda não tem o seu valor cultural milenar considerado. Como dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais:

“O ser humano que não conhece arte tem uma experiência de aprendizagem limitada, escapa-lhe a dimensão do sonho, da força comunicativa dos objetos à sua volta, da sonoridade instigante da poesia, das criações musicais , das cores e formas, dos gestos e luzes que buscam o sentido da vida.” (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1996)


As dobragens praticadas em grupo permitem o debate de idéias, o esclarecimento de conceitos e o desenvolvimento de estratégias individuais e coletivas. Acredita-se serem estas atividades de aprendizagem que rentabilizam a autonomia e a responsabilidade do aluno. Além disso, permitem o desenvolvimento da criatividade, da concentração e persistência, capacidades fundamentais para cada vez mais eficiente e eficaz no seu dia a dia.
  
1.2 O que dizem os PCNs sobre o ensino de artes .
A arte nos Parâmetros Curriculares Nacionais têm como objetivo:

“Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações”.(PCN,1997,p. 5)

Como dizem o PCNs, nós, educadores, devemos ter um conhecimento maior das artes, de outras nações e de outros povos, tal como as dobraduras de papel, que pode também ser usado para desenvolver a concentração, a motricidade fina e a partir disso, podermos construir o nosso dia-a-dia na sala de aula com os nosso alunos mais interessados e com um melhor desenvolvimento.

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