Educação com Energia
Rafael J. Port
Utilizar bem a energia: acenda essa idéia! ...“clic”
Após o título deste artigo, é provável se esperar que os leitores imaginem que o texto discuta algo sobre motivação e entusiasmo nas atividades e nos trabalhos na área da Educação em nosso país. O título não possui esta conotação especificamente, mas sim, aborda o assunto energia elétrica nas edificações, que não deixa de depender do empenho e dedicação de várias pessoas em uma instituição de ensino. Essa dualidade de sentido em primeira mão nos mostra a variedade de enfoques que o tema “energia” pode ter.
Este texto pretende abordar as questões sobre as despesas com energia elétrica que estão envolvidas em uma unidade escolar sob o ponto de vista pedagógico e de cidadania.
Promover atividades sobre “despesas com energia elétrica” em uma unidade escolar é um trabalho multidisciplinar. O tema pode ser abordado sob o ponto de vista da matemática durante os cálculos de consumo e economias mensais. Os fenômenos da física e da química explicam os conceitos da eletricidade e norteiam as estratégias que podem ser adotadas para a eficientização de equipamentos e processos de aquecimento, resfriamento, iluminação e ventilação.
O assunto energia elétrica também pode ser debatido sob o ponto de vista da história e geografia humana, uma vez que o nível de desenvolvimento de uma nação, além de outros indicadores, é expresso pelo consumo per capita de energia elétrica realizado pela população e pelos setores produtivo, administrativo e comercial. Ou seja, diversas competências e habilidades podem ser trabalhadas e desenvolvidas ao realizar-se a interseção do referido tema com o cotidiano dos alunos.
O mundo constantemente se encontra num processo de desenvolvimento tecnológico avançado. Novos materiais e técnicas são descobertos. Diversos países, inclusive o Brasil, realizam pesquisas sobre fontes alternativas de energia para que o seu desenvolvimento não seja freado pela escassez de um de seus insumos: a energia para realizar suas etapas produtivas.
O ato de preservar os nossos recursos naturais através da ação de qualquer pessoa, seja ela também estudante ou professor, é uma atitude de cidadania. Ao utilizarmos a energia de forma racional estamos diminuindo a necessidade de construção de novas usinas transformadoras de energia e, com isso, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.
Os educandos podem ser orientados e conscientizados a zelar pela conservação de energia não somente nos ambientes escolares mas também em suas casas. Não se trata de subtrairmos algum conforto ou diversão advindos do uso da eletricidade e, sim, diminuirmos as perdas no transporte da energia até as tomadas, praticarmos bons hábitos de utilização e eficientizarmos nossos equipamentos e instalações. O bom uso da eletricidade, por si só, gera economias consideráveis de energia elétrica, a qual está disponível todos os dias para o nosso consumo.
Acredito que um projeto pedagógico contendo objetivos bem definidos e ajustados, possa atingir bons resultados nas comunidades escolares de todo o país.
Um projeto pedagógico neste sentido alcançaria ainda maiores resultados se fosse expandido para a comunidade local de forma a reafirmar o papel da escola na questão da responsabilidade social. O governo federal e as distribuidoras de energia apóiam estas iniciativas e realizam projetos neste sentido.
Sou favorável à criação de cursos técnicos profissionalizantes na área de gestão energética, a serem oferecidos pelas instituições de ensino públicas e privadas. Tal medida, além de propagar o sentimento cultural de preservação de nossos recursos provenientes da natureza, iria gerar mais empregos e contribuir para uma conscientização mais abrangente do cidadão brasileiro.
Algumas prefeituras, infelizmente ainda poucas, possuem um programa de gestão energética que se preocupa com a administração dos recursos financeiros destinados à infra-estrutura e à manutenção de seus prédios públicos. Economias geradas em qualquer edificação, seja ela uma empresa, escritório, residência ou instituição de ensino, permitem o redirecionamento dos recursos excedentes para outras atividades e até mesmo aquisição de equipamentos de extrema necessidade ou realização de melhorias em seus próprios prédios.
Diversos estudos realizados no Brasil mostram que, com o atraso do licenciamento ambiental para a construção de novas usinas, adicionado a um eventual período de poucas chuvas que abastecem os reservatórios das usinas hidrelétricas, corremos risco de enfrentar mais um racionamento de energia elétrica até 2010, conforme declarou o presidente da Eletrobrás em evento no Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças, em agosto de 2006. A FIESP também se posiciona sobre a situação da mesma forma.
Portanto, a realização de projetos educacionais e campanhas de conscientização elaboradas por iniciativas dos gestores de energia dos estados e municípios, em parceria com diretores de escola, coordenadores, professores e pais, com certeza, contribuiria não só para a minimização dos efeitos negativos do desperdício de energia elétrica, como também estimulariam a prática da cidadania por uma qualidade de vida ainda melhor.
Ao término de suas atividades, apague a luz! ...“clic”
Rafael J. Port
Licenciado em Matemática
Engenheiro eletricista
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