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16 de mai. de 2011

Filmes e educação

Professor(a), que filme(s) você costuma usar em sala de aula?


Qual o tema / quais os temas trabalhado(s)?
  Compartilhe suas experiências e diga como o cinema tem lhe ajudado a tornar as aulas mais dinâmicas, proveitosas e agradáveis.


 Obrigado.


 Um abração a todos!

Algumas Sugestões:



  • 10 coisas que odeio em você: para falar sobre Shakespeare de uma forma mais leve com meus alunos.
  • Duelo de titãs: para conscientizar os alunos sobre a importância da união, quando todos têm um interesse em comum.
  • Conta comigo: para discutir o valor da amizade
  • A Corrente do bem: sobre a organização social, generosidade.
  • Crash: No Limite, para desenvolver a tolerancia, o respeito ao proximo, falar de preconceito, relaçoes sociais.
  • Ponte Para Terabítia: pra tratar de Bullying
  • Sem sentido: para falar de ética na ciência
  • Coach Carter – Treino para a Vida: qualidade de vida, disciplina, importancia do esporte.
  • À Procura da Felicidade: diferença entre emprego e carreira, superação e importancia da familia na constituiçao do carater
  • Procurando Nemo: para falar de conteúdo do 3º ano ou em turmas de primário
  • O Triunfo e Escritores da Liberdade: sobre o desafio de ser professor, tolerancia, dignidade, respeito...
  • Formiguinha Z: tecnologia, ecologia, relaçoes ecologicas, sociedade, respeito
  • O óleo de Lorenzo: sobre medicina, ciencia e tecnologia
  • GATTACA: em genética
  • A Língua das Mariposas: respeito aos mais velhos, incentivo a leitura, superação
  • A Era do gelo: idade antiga, evolução e luta pela sobrevivencia.
  • A ilha: etica na ciencia e genética
  • Click: qualidade de vida
  • A Fuga das Galinhas: sociologia, liderança
  •  Blade Runner e Eu, Robô: visão futurista de grande impacto, relaçoes entre tecnologia e humanidade.
  • ABC do Amor: discussão de sentimentos, importancia da familia, problemas na pré adolescencia
  • Cazuza- O Tempo Não Pára e Bicho de Sete Cabeças: para tratar de AIDS, adolescencia, respeito ao ser humano, drogas, diferenças sociais e tratamentos médicos.

 Filmes, em diferentes momentos e épocas.
Citei alguns , mas a lista eh bem maior... ia ficar chato se  citasse todossss, esses foram os que lembrei no momento. Acho os filmes um grande recurso na prática pedagógica.

  
Outros: Obrigado por não fumar; Osmose Jones; Uma verdade inconveniente ; Os Sem-Floresta; O Ultimo Samurai; Minha Vida; O dia depois de amanha; Amazônia em Chamas; Os Filhos do Silêncio; Nell; Quando um homem ama uma mulher; A Sociedade dos Poetas Mortos; Tainá; Ilha das Flores


Filme e educação

Perguntas e Respostas
Análise Critica do Filme





1. Por que um Projeto de Sociologia e Cinema ?

A sociologia é a disciplina da modernidade do capital que surgiu com capitalismo industrial. A sociologia crítica é a ciência social capaz de apreender as múltiplas determinações do ser social capitalista inscritas na narrativa fílmica. Com certeza, existem muitos projetos pedagógicos que buscam utilizar, como mero recurso ilustrativo, o filme para discutir temas das disciplinas de história, psicologia, filosofia, educação e direito. Entretanto, o Projeto Tela Crítica busca ir além do uso do filme apenas como mero recurso ilustrativo de temas sociológicos. Aliás, visa ir além do próprio objeto em si da investigação sociológica. Na verdade, trata o filme como pre-texto para a reflexão critico-sociológica no sentido amplo da palavra "sociologia", capaz de propiciar, um campo de experiencia critica voltado para o conhecimento verdadeiro da totalidade social. O Projeto Tela Crítica busca "dialogar" com elementos sociológicos sugeridos pelo filme. Ora, o filme reflete (e representa) uma totalidade social concreta, compondo um conjunto complexo de sugestões temáticas que podem ser apropriadas para uma reflexão critico-sociológica. Mesmo um drama psicológico ou um filme de terror, por exemplo, possuem, em última instância, elementos significativos que refletem (ou representam) determinadas traços da vida social concreta. Enfim, o Projeto Tela CRítica exige, de cada um de nós, imaginação sociológica. É através da análise critica do filme que podemos nos apropriar de sugestões temáticas e desenvolver determinadas refelxões histórico-sociológicas. Não compete ao filme explicar. O filme apenas sugere. É a teoria sociológica critica (e dialética) que é capaz de, a partir das "sugestões" do filme, contribuir para o conhecimento social. Entretanto, a teoria critica apenas nos sugere o ponto de partida. O itinerário de reflexão critica é o percurso essencial, inclusive desvelando novas determinações do objeto social. Não podemos meramente "aplicar" a teoria critica ao filme. A idéia é discutir a sociedade a partir do filme, mais do que discutir o filme a partir da sociologia.

2. Com o Projeto Tela Crítica, o sociólogo torna-se crítico de cinema?

O Projeto Tela Crítica não é um projeto de sociologia do cinema, mas sim de sociologia e cinema. Para nós, o filme é apenas um pré-texto para uma reflexão critica, totalizante e totalizadora, sobre a sociedade burguesa. É claro que, ao utilizarmos o filme no processo pedagógico, somos obrigados a passar pela instância do meio filmíco, isto é, a forma filmica e sua dimensão estética, mediação ineliminável da Sétima Arte. Entretanto, nossa proposta é irmos além da Tela, desenvolvendo discussões sociológicas a partir de eixos temáticos sugeridos pelo filme; desvelando, através da análise critico-dialética, categorias sociais e elementos reflexivos não necessariamente postos conscientemente pelo diretor ou roteirista do filme. Enfim, a verdadeira obra de arte é superior (no sentido de ir além) ao próprio criador, tanto no sentido ontológico, isto é, não existe a mera identidade sujeito-objeto, quanto no sentido epistemológico, ou seja, é capaz de propiciar sugestões heuristicas para além da intencionalidade do próprio criador. Todo filme possui uma dimensão estético-formal, que é objeto da teoria do cinema propriamente dita, e uma dimensão político-sociológica, que contém, implicitamente, traços e pistas essenciais compositivos da sociabilidade burguesa. Todo filme é, deste modo, tanto reflexo sociológico, quanto representação ideológica do mundo burguês. É claro que o reflexo sociológico pode estar mistificado, invertido ou obliterado pela representação ideológica. Por isso torna-se necessário a análise crítica. Por isso, chama-se Tela Crítica: quer dizer, ir além da Tela. O que significa que a análise crítica é também uma análise de desconstrução racional do objeto filmico, apreendendo e desenvolvendo de forma lógico-categorial suas sugestões temáticas. O operador da metodologia Tela Crítica precisa conhecer, se possível, as teorias do cinema, enfim, buscar dominar os meandros da Sétima Arte, isto é, conhecer a morfologia estética, a psicologia e a sociologia do cinema. Isto é, conhecer os elementos da forma do filme. Isto ajuda a aprimorar a análise critica do objeto filmico. Ou seja, dominar o meio é importante. Deste modo, a análise critica do filme pressupõe um momento de critica do cinema. Mas, é preciso ir além, senão ficaremos tão-somente na análise da forma do filme. Na verdade, temos a obrigação de desenvolver a problemática social sugerida pelo filme (uma totalidade social concreta com suas múltiplas instâncias sociais). É importante apreender os eixos temáticos (eixo temático principal e subtemas vinculados) e tratá-los a partir da teoria social crítica, mobilizando, deste modo, a sociologia, antropologia, psicologia, história e economia. É a teoria critica e seus elementos categoriais que contribuem para desenvolver e explicar, num primeiro momento, os elementos sugeridos pelo filme. Como a proposta do Projeto Tela Crítica é a análise social crítica, o melhor referencial teórico-analítico ou principio explicativo do mundo burguês é o marxismo dialético, aberto para as contribuições das ciencias sociais e dos clássicos sociológicos (Émile Durkheim e Max Weber, por exemplo) e da psicanálise (a psicanálise é a ciência crítica da subjetividade burguesa, apesar do viés biologicista ou psicologista do freudismo). Enfim, quanto mais ilustrado, no sentido cultural, e aberto, no sentido epistemológico, isto é, capaz de apreender as mais diversas contribuições da teoria social do século XIX e do século XX - psicologia/psicanálise, antropologia, história, filosofia, etc, mais o operador do Tela Crítica será capaz de apreender a riqueza dos elementos da totalidade social concreta pressupostas nos filmes.



3. Todos os filmes contribuem para a Tela Crítica?

Nem todos os filmes têm o mesmo valor heurístico. Num primeiro momento, é importante utilizar filmes clássicos, filmes de grandes diretores e de mestres-artesãos do cinema mundial. A grande Arte, a verdadeira arte realista, é pródiga. O cinema viveu tempos áureos no século XX, com sua capacidade de explicitar, de forma magistral, os nexos problemáticas da modernidade tardia do capital. Os clássicos do século XX foram W. Griffith, Charles Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd, Frank Capra, Fritz Lang, William Wyler, John Huston, Stanley Kubrick, Federico Fellini, Luchino Visconti, Pier Paolo Pasolini, Vittorio De Sica, Roberto Rosselini, Ingmar Bergman, Eisenstein, Tarkovski, Jean-Luc Godard, Michelangelo Antonioni e muitos outros. É com os filmes clássicos e seus legitimos herdeiros estéticos contemporâneos que podemos tirar o melhor do Projeto Tela Crítica. Assiste-se hoje muito pouco aos clássicos do cinema e se esquece que a magia do cinema deve muito àqueles que conseguiram aprimorar a Sétima Arte no século XX. Quando dizemos aprimorar o cinema, dizemos não apenas aprimorar a capacidade técnica-formal, insuperável em nosso dias com os magistrais efeitos especiais, mas principalmente a capacidade estético-critica, que tende hoje a se degradar, tendo em vista roteiros banais e a lógica de mercado hegemônica que rebaixa as narrativas ao gosto comum das massas e à sua capacidade obtusa de entendimento. Entretanto, o Projeto Tela Crítica se utiliza muito dos filmes contemporâneos, capazes de explicitar temas sociológicos que tenham compromissos com a arte realista (o que implica o realismo em todas suas variantes estéticas, não desprezando, é claro, os generos ficção-científica ou o genero horror). Apesar dos clássicos serem indispensáveis e necessários, eles não são suficientes. Todo filme realista pode ser objeto de analise fílmica. Além disso, mesmo do "lixo" da indústria cultural é possível tirar sugestões criticas interessantes, capazes de desvelar, desfetichizar/desmitificar a lógica do sistema do capital e a sociabilidade do mundo burguês, pois é isso que interessa explicitar. Finalmente, uma das funções do Tela Crítica é criar uma nova sensibilidade estética, uma cultura filmica comprometida com os valores humanistas e com a consciencia critica do mundo burguês.



4. Por que o compromisso do Tela Crítica com a Critica Social?

Apenas a análise crítico-dialética é capaz de vislumbrar as determinações essenciais da totalidade social concreta, apreendendo a riqueza múltipla das sugestões heuristicas propiciadas pela narrativa fílmica, com seus detalhes interessantes sobre a sociabilidade burguesa. A dialética é a ciência da vida, nos disse Hegel. A arte imita a vida. Enfim, o cinema é a maior expressão (reflexo/representação) da vida moderna. Só uma análise dialética, materialista e histórica, comprometida com a crítica social, é capaz de vislumbrar a riqueza das múltiplas determinações que compõem a narrativa filmica da grande obra. O positivismo é infértil e medíocre. É incapaz de imaginação sociológica. Ele não consegue ir além da estrutura narrativa dada e cultiva meras ilações formalistas. É incapaz de apreender as contradições objetivas da estrutura social e seus reflexos dialéticos na trama artistica. É incapaz de tratar da totalidade concreta e da dialética entre a parte e o todo, individuo e sociedade, passado e presente. Enfim, a crítica social que está imbuída do compromisso prático-material com a “negação da negação”, é capaz de ver e apreender as contradições do real social e histórico e seus reflexos estéticos, tendo em vista que são elas, as contradições do todo social burguês, que nos permitem vislumbrar o para além do que é dado – pelo menos enquanto utopia (e possibilidade) concreta.



5. Como o Projeto Tela Crítica se diferencia de outrs projetos pedagógicos que utilizam o filme?

O filme tem sido utilizado como elemento de reflexão pedagógica em várias áreas de estudo acadêmico: historia, psicologia, psicanálise, filosofia, direito, etc. Na área de história e na área de educação existe uma larga reflexão sobre a utilização do filme em sala de aula ou do filme como objeto de pesquisa em educação. Na verdade, na área de educação o que existe não é propriamente análise de filme, mas investigação sobre o vínculo educação e cinema. É quase uma sociologia educacional do filme. O educador, ao elaborar a análise do filme, é obrigado a recorrer ao instrumental heurístico da sociologia, psicologia/psicanálise, antropologia ou historia. O mesmo ocorre com professores de direito, por exemplo, que utilizam o filme para uma reflexão sobre a prática jurídica. A análise do filme é um meio de reflexão sobre a prática profissional (no caso dos educadores, utiliza-se o filme nesse sentido – meio de reflexão da prática pedagógica). Inclusive, até professores de quimica têm utilizado o filme em sala de aula para tratar de contéudos da disciplina. Enfim, a segmentação das práticas pedagógicas que utilizam o filme é bastante interessante, pois demonstra ser o filme, a verdadeira "linguagem" universal. Entretanto, o filme utilizado por tais disciplinas não possui propriamente caráter heurístico. Ele não incita a investigação científica propriamente dita, mas apenas contribui para a validação (ou não) de determinados contéudos disciplinares ou práticas profissionais. O filme é utilizado como mera ilustração. A análise do filme não é um exercicio reflexivo em si, mobilizando categoriais de análise e principios explicativos. Para o Tela Crítica, o filme é uma totalidade social concreta in vitro, mediada, é claro, pelos elementos da representação ideológica que a constitui. É claro que, muitas vezes, o filme é objeto de investigação em si e não meio para uma reflexão disciplinar sobre o mundo sócio-histórico. É o que ocorre, por exemplo, com a sociologia do cinema. Entretanto, o Projeto Tela Crítica utiliza o filme de forma diferenciada. Ele é um projeto pedagógico no sentido latu do termo. Ele busca agir sobre (e com a) subjetividade das pessoas através da análise do filme. Busca dar vida ao conceito através da arte, antropomorfizando o que a ciência social desantropomorfizou. O filme incita (e excita) a reflexão critica.



6. Como o Projeto Tela Crítica trata as abordagens divergentes na análise de filmes?

É claro que existem múltiplas leituras de uma narrativa filmica. O que não quer dizer que todas as abordagens (ou análises) de filme tenham o mesmo valor heurístico, no sentido de apreender as determinações essenciais do todo concreto da obra filmica. Existem boas e más interpretações de filme. Algumas se detém nos elementos contingentes e não conseguem apreender os nexos essenciais sugeridos. Uma boa análise de filme possui coerência lógica interna, devendo sempre se basear em fatos narrativos e não em mera suposição subjetiva de quem analiza. Às vezes, um detalhe é importante, mas não é o essencial. O que não quer dizer que devemos desprezar os detalhes da narrativa. O que devemos é apreender os nexos essenciais da estrutura narrativa e seus temas significativos, capazes de serem desenvolvidos pela análise crítica. A melhor teoria explicativa do filme é aquela que consegue dar mais significados heuristicos ao maior número de elementos narrativos do filme.



7. Existe uma Metodologia de Análise de Filmes do Projeto Tela Crítica?

É possível discriminar os seguintes passos para uma análise crítica do filme: (1) assistir o filme, de preferência em cópias de ótima qualidade de imagem e som, buscando preservar os principais elementos da forma filmica. Não podemos nos esquecer que cinema é imagem e som em movimento. É importante garantir tela grande e ótima qualidade de exibição, elementos capazes de envolver, no plano subjetivo, o público. O primeiro impacto emocional do filme é decisivo. O filme que consegue mobilizar a inteligencia emocional do público é aquele capaz de contribuir para o projeto do cinema como experiencia crítica. A exibição é o primeiro momento da catarse analítico-critica, que é a proposta do projeto pedagógico Tela Crítica; (2) apreender a estrutura narrativa e seus elementos primários e secundários. É importante desconstruir a narrativa filmica, com seus múltiplos personagens e situações-chaves. O rigor analítico e a precisão de detalhes é decisiva; (3) discriminar o eixo temático principal e os temas significativos primários e secundários sugeridos pelo filme, ou seja, seus eixos temáticos principais e de segunda ordem. É a partir daí que podemos refletir, de forma crítica, sobre o filme. E finalmente, a análise do filme a partir deste desenvolvimento teórico-categorial. E mais: o desenvolvimento categorial para além do filme, remetendo a outros filmes do gênero. Podemos, deste modo, discriminar um movimento de ida: a análise teórico-categorial se apropria do filme. Mas o verdadeiro desafio é provocar o movimento de volta: a obra filmica contribuindo para o desenvolvimento teórico-categorial. O que exige estudo do objeto sociológico sugerido pelo filme e o desenvolvimento de seu conteúdo. É o momento da síntese conceitual.



8. Onde utilizar a Metodologia de Analise de Filme Tela Critica?

Pode ser utilizada em escolas de ensino médio e ensino superior com a devida adaptação, pois deve-se levar em consideração o grau cognitivo do público-receptor. Além disso, é um instrumento precioso nas atividades de formação política e social (em geral, sindicatos e partidos têm desprezado o uso do filme na pedagogia politica). A análise do filme pressupõe sujeitos de recepção ativos e dispostos a uma experiência crítica. Não é meramente “colar” a ideologia no filme, mas utilizar a obra de arte para desenvolver uma consciência crítica. Deste modo, o Projeto Tela Crítica é incompatível com a análise dogmático-sectária. Algumas vezes, a utilização do filme como mera ilustração de conteúdo dado em sala de aula possui certo viés dogmático. O Projeto Tela Critica se propõe a fazer o caminho inverso da indústria cultural que quer tão-somente entreter o público - o importante é fazê-los sentir e refletir.



9. Como deve atuar o operador da Metodologia Tela Crítica?

O operador do Tela Crítica deve atuar como facilitador ou mediador da prática reflexiva, procurando evitar a dispersão que é comum numa análise de filme. O operador deve instigar o estudo prévio dos elementos teórico-analíticos e seu arcabouço teórico-categorial. Análise de filme é dificil, pois além do dominio criativo da teoria sociológica explicativa, exige imaginação sociológica. Não basta a teoria, é preciso, muitas vezes, ir além dela, re-criando-a. O maior perigo da análise do filme é o subjetivismo. Deve-se “cruzar” as interpretações e buscar, no interior da estrutura narrativa, seu sentido imanente. É de fundamental importância a capacitação teórico-analitica do operador da metodologia Tela Crítica. Aliás, sem a capacitação teórico-analítica não existe análise critica. Como destacamos no ensaio “A hermenêutica do filme”, o papel do sujeito-receptor é deveras importante. É ele que apreende os significados imanentes da obra filmica. Mas a apreensão critica exige um público qualificado. Um operador Tela Crítica deve saber utilizar o meio narrativo para educar o público sobre o significado concreta de categorias da dialética social. Uma categoria social é uma forma de ser, isto é, uma determinação da existência. Esta é a função pedagógica do Projeto Tela Crítica. Parafraseando Picasso poderíamos dizer que o filme é uma mentira, mas uma mentira que nos ensina a verdade. Mas para isso precisamos estar abertos à apreender a verdade sociológica através da análise dialética. É interessante o confronto de análises de filme, pois é através deste confronto analítico que a dialética materialista demonstra sua superioridade heurística em relação às demais abordagens sociológica ou psicológica.

O cinema na sala de aula

O cinema na sala de aula

Estratégias de trabalho com filmes em sala de aula




A utilização de filmes em sala de aula depreende etapas prévias a apresentação da produção como já pudemos verificar em outros artigos e também elementos que permitam a utilização dos conteúdos e referências demonstrados a partir da película em trabalhos e avaliações. O elemento mais importante está relacionado, no entanto, a aplicação do filme durante as aulas, ou seja, como o professor pode orientar a ação dos alunos para que os melhores resultados possíveis possam ser atingidos.


Você não precisa estar no cinema mas pode criar um  clima de
cinema que seja favorável ao trabalho com  os filmes.
 (Na foto, sala de cinema apresentando seqüência  do clássico filme
“Casablanca”, estrelado por Humphrey Bogart).


Nesse sentido cabe, novamente, a recomendação de um planejamento prévio através do qual o educador tenha clareza quanto aos objetivos relativos à utilização do filme; se a produção será utilizada na íntegra ou apenas alguns trechos da mesma (e quais seriam, nesse caso as seqüências selecionadas); qual a relação entre o filme e os conteúdos que estão sendo trabalhados em sala de aula; que elementos principais devem ser destacados antes, durante e depois da apresentação da película; e, obviamente, as atividades que serão realizadas em função da utilização do filme em correlação de forças com as aulas sobre os temas trabalhados na produção, os materiais didáticos de apoio ao curso além de outros referenciais que eventualmente sejam pedidos ou sugeridos como ponto de apoio para as discussões e projetos fomentados.

 Pensando nisso, os próximos passos relativos à utilização de filmes em sala de aula descritos nesse artigo referem-se à estruturação das aulas quanto às estratégias e metodologias que farão parte das aulas. O que se quer, a princípio, é que as aulas sejam dinâmicas e atraentes para os estudantes. Para que isso ocorra é necessário que se organizem atividades que façam com que o educando participe ativamente dos procedimentos. Trabalhar com pequenos grupos e em situações de simulação da realidade são quesitos importantes para que os filmes possam ser discutidos e gerem produção escrita.

 Associar os filmes a recursos adicionais às aulas, como 
artigos de jornais, revistas, materiais obtidos na internet,
leitura de livros paradidáticos, música ou literatura
reforça ainda mais o trabalho de conteúdos na escola
(Na foto, “Frankenstein”, com Robert De Niro, baseado
na clássica obra literária de mesmo nome da inglesa Mary Shelley).



Os filmes também podem e devem ser utilizados para o exame
de questões sociais. Esse trabalho deve inclusive levar os professores
a discutir os temas a partir da noção de mundo dos alunos,
estimulando uma participação mais ativa dos mesmos nos
estudos. (Na foto, seqüência do filme “Dois filhos de Francisco”,
produção nacional de grande repercussão entre o público e a crítica).


Organização é outra palavra fundamental quando pretendemos trabalhar com grupos de estudantes; todos os detalhes de encaminhamento das atividades têm que ser apresentados antecipadamente para os estudantes. Aulas expositivas são importantes antes de o filme ser apresentado ou logo depois da amostragem dos mesmos.

Aulas expositivas que são apresentadas antes do uso dos filmes têm o propósito de traçar um panorama geral do tema que está sendo estudado. Através dessa prévia dos conteúdos apresentados em aula o educando tem condições de comparar textos utilizados, informações disponibilizadas pelos professores, artigos de revistas especializadas, referências de jornais ou revistas de grande circulação com os filmes.


O professor tem que assumir o compromisso de disponibilizar os recursos e mobilizar os alunos não apenas através de seminários, centralizando as ações, mas também, atribuindo responsabilidades e mobilizando os alunos através de atividades que se desenvolvam durante suas aulas que antecedem o uso dos filmes.


Quando os filmes antecedem as aulas expositivas, a função do uso das películas é diferenciada em relação ao caso anteriormente apresentado. Os filmes são utilizados como recurso de chamamento dos educandos ao tema, têm o propósito de despertá-los para os temas em questão, introduzem o assunto em aulas.


Mesmo nesse caso torna-se necessário que os professores procurem orientar as atividades no tocante ao filme, indicando caminhos, lançando questionamentos antes da apresentação do filme, pedindo maior atenção quanto a determinados aspectos da história representada ou intercedendo nos momentos que considere apropriados (se necessário, parando a apresentação do filme em vídeo ou DVD).


Não é recomendável que os estudantes façam anotações durante a apresentação do filme, isso dispersa a atenção dos mesmos para os detalhes da trama, do cenário, dos figurinos e de outros elementos representativos que podem ser utilizados pelo professor em suas atividades posteriores.

As aulas expositivas que transcorrerem depois da apresentação devem ser utilizadas para referendar os pontos importantes disponibilizados pelo filme, aprofundar o assunto e introduzir idéias que tenham passado despercebidas, sem que tenham sido mencionadas; novamente, cabe ao professor utilizar os recursos complementares para que suas aulas sejam elucidativas, interessantes e para que a atenção e a participação dos educandos seja contínua.

Se o professor considerar necessário os trechos mais importantes podem ser apresentados mais vezes, depois que as discussões e debates, assim como a redação sobre o material fílmico, já estiverem em curso durante as aulas.

A proposta de trabalho em pequenos grupos tem o objetivo de fazer com que os educandos troquem idéias entre si, despertem uns nos outros a atenção quanto a aspectos que não foram percebidos, discutam questões propostas pelo professor e escrevam sobre o que viram.

Sempre trabalhe filmes que estejam associados aos conteúdos
escolares que estão previstos em seu planejamento e,
de preferência, defina a utilização de produções cinematográficas
no início do ano, como parte dos recursos e referenciais previstos
em sua programação. (Na foto, seqüência de “A Lista de Schindler”,
de Steven Spielberg).

A idéia de simulações como proposta de ação nas aulas depois da apresentação do filme tem o propósito de aproximar os temas apresentados nos filmes da realidade vivida pelos alunos, tornando o assunto em questão ainda mais pulsante e vivo para os mesmos. Ambientar as aulas em situações como uma redação de jornal, uma estação de rádio, uma organização não-governamental ou uma secretaria de governo pode estimular os estudantes e fazer com que o resultado final dos trabalhos seja ainda mais interessante.

















Como usar filmes na sala de aula

Como usar filmes na sala de aula

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Nós, professores, sabemos o quanto é prazeroso trabalhar com cinema na sala de aula. Um filme bem escolhido e uma explicação prévia podem resultar em alunos atentos, concentrados e prontos para debater o que acabaram de assistir. Mas também sabemos o quanto é trabalhoso organizar essa atividade e encaixá-la em um ou dois dos nossos parcos 40 ou 50 minutos de aula. Para extrair o máximo possível desse momento de aprendizado e descontração, tente seguir as dicas abaixo, antes, durante e depois da atividade.

O primeiro passo é a escolha do filme. Devemos selecionar obras que estejam associadas aos conteúdos escolares previstos no planejamento. Aliás, essa escolha deve acontecer no início do ano e ser incluída como parte dos recursos previstos na programação. É importante destacar para os alunos o que se pretende com aquela atividade, e o que será exigido deles, pois precisam ter noção do todo para realizar as associações entre conteúdo, filme e demais materiais utilizados na aula. Um bom recurso é oferecer-lhes a sinopse do filme, esclarecendo do que trata a história, qual é o contexto, quando foi produzido e em que condições, e todas as informações pertinentes e necessárias para o entendimento da obra.

É interessante associar os filmes a recursos adicionais como artigos de jornais, revistas, textos da internet, livros paradidáticos, música ou literatura, pois isso amplia ainda mais o trabalho de conteúdos na escola. Também é possível unir materiais de diferentes épocas para estabelecer parâmetros e comparações entre o contexto antigo e o contexto atual. Os filmes podem ser utilizados para apresentar o conteúdo, ou após a aula teórica, para ajudar a esclarecê-lo. O que vai determinar essa escolha é o nível de complexidade com que o assunto é tratado na obra.

Se considerarmos que a abordagem é simples, superficial, podemos utilizar o filme para introduzir o assunto e despertar interesse nos alunos. Se a abordagem for profunda, ele pode ser utilizado como complemento da aula teórica. Nesse caso, o ideal é que após o filme ocorra um debate, no qual o professor poderá perceber dúvidas e pontos de dificuldade. Esse é também um bom momento para a introdução dos materiais complementares citados anteriormente.

As aulas expositivas, posteriores à exibição, podem ser utilizadas para distinguir pontos importantes do filme, aprofundar o assunto e introduzir ideias que tenham passado despercebidas, sem que tenham sido mencionadas; novamente, cabe ao professor utilizar os recursos complementares para que suas aulas sejam elucidativas, interessantes e para que a atenção e a participação dos alunos seja contínua.

Se o professor considerar necessário, os trechos mais importantes podem ser apresentados mais vezes, depois que as discussões e debates, assim como a redação sobre o material fílmico, já estiverem em curso durante as aulas.

Os filmes também podem e devem ser utilizados para a discussão de questões sociais. Temas atuais como o meio ambiente e a crise econômica podem ser associados com vários conteúdos. É importante observar o nível escolar dos alunos, pois estes devem ser abordados de acordo com a faixa etária e o grau de entendimento dos mesmos. Uma criança pode não entender a crise econômica sob a perspectiva das transações de bolsas de valores, mas certamente entenderá porque deve economizar água e energia em casa.

O trabalho deve utilizar como ponto de partida a noção de mundo dos alunos, estimulando uma participação mais ativa dos mesmos nos estudos e nas relações sociais. Também podem ser formados pequenos grupos de trabalho com o objetivo de fazer com que os alunos troquem ideias entre si e despertem uns nos outros a atenção quanto a informações e aspectos que não foram percebidos, além de discutir questões propostas pelo professor.

A produção textual, caso ocorra, pode ser feita individualmente ou em grupos. O trabalho com simulações, nas aulas seguintes à exibição, pode aproximar os temas apresentados nos filmes da realidade vivida pelos alunos, ou mostrar-lhes outras realidades, as quais não conhecem. Isso tornaria o assunto em questão ainda mais pulsante e vivo para os mesmos.

Criar aulas em ambientes extraclasse, parecidos ou não com os ambientes vistos no filme, pode estimular os estudantes e fazer com que o resultado final dos trabalhos seja ainda mais interessante.

Não podemos esquecer que um filme é um texto multimodal e deve ser tratado como tal. É de fundamental importância que sejam analisados os personagens da ação, a composição espacial, e para isso devem ser consideradas todas as peças integrantes do cenário e sua importância na história, além das simbologias presentes no filme.

Vale a pena perguntar para os alunos se eles perceberam que, em algum momento, os personagens usaram palavras e frases com algum significado, mas na verdade queriam passar outra ideia ou mensagem. Para os professores de língua portuguesa, algumas figuras de linguagem podem ser relembradas antes da exibição do filme para que os alunos tentem encontrar exemplos de ironia, eufemismo, hipérbole, antítese. Também é importante que os alunos entendam o roteiro, saibam destacar o momento de clímax do filme e o seu desfecho, além de diferenciar personagens principais para o desenvolvimento da história dos coadjuvantes.

O vídeo combina a comunicação sensorial com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão. O professor pode explorar os diferentes sentidos, chamando a atenção também para músicas e efeitos sonoros.

Para solucionar o problema do tempo – geralmente os filmes são maiores do que o tempo de aula – uma sugestão é realizar uma atividade interdisciplinar, na qual os professores juntariam seus tempos de aula e escolheriam um filme que pudesse ser utilizado pelas duas disciplinas. Como uma grande variedade de filmes pode ser utilizada para o estudo de gêneros e tipos textuais em língua portuguesa, é comum que este se adapte ao trabalho com a outra disciplina, que provavelmente abordará o conteúdo do filme.

Uma das vantagens de levar filmes para a sala de aula é a sua ligação com um momento de lazer e entretenimento. Para os alunos, ver um filme significa descanso e não o compromisso e as obrigações relativos à aula. Isso modifica a postura e as expectativas em relação a esse momento “de lazer” transposto para a sala de aula. Esse clima descontraído pode trazer muitos benefícios para o processo de aprendizagem, ajudando a torná-la mais dinâmica e parecida com a aprendizagem do cotidiano, dos grupos sociais, da internet e outras vividas pelos jovens.