FACULDADE
SUMARÉ
Claudia
Fernanda de Mello
Filosofia
Pedagogia
Progressista
A pedagogia
progressista parte de uma análise da realidade social de forma crítica, tendo
como finalidades a transformação sociopolítica da educação. Conflitante com a o
sistema essa pedagogia não tem como regulamentar-se em uma sociedade
capitalista, dessa forma torna-se objeto de luta dos educandos juntamente com
outras práticas sociais.
Manifesta-se em três tendências:
•
Tendência progressista libertadora:
também conhecida como pedagogia de Paulo Freire.
•
Tendência progressista libertária: ligada diretamente aos
defensores da autogestão pedagógica.
•
Tendência progressista crítico-social dos conteúdos: que
prioriza os conteúdos na confrontação com as realidades sociais de maneira
diferenciada das pedagogias anteriores.
Tendência progressista libertária
Principios Gerais:
Anarquista: usencia de governo;
Autogestão: o governo em sí, a pessoa mandar em sí mesmo e
assim viver em paz;
Liberdade total: alguns pensam que é confusão, pois tem medo
da liberdade.
Autonomia.
Pensamento em preparar os alunos a viverem em uma sociedade
totalmente livre.
Na tendência
libertária, o princípio fundamental é iniciar mudanças institucionais, tendo
como população alvo os níveis mais empobrecidos que irão se expandindo até
atingir dado o sistema exercendo assim uma transformação na personalidade do
aluno.
A pedagogia
libertária tem um sentido expressamente político quando coloca o sujeito como
produto do meio social e que a aquisição do conhecimento individualizado só
ocorre na coletividade, tendo como idéia principal e mais conhecida entre nós a
“pedagogia institucional”, objetivando a resistência contra o sistema
burocrático que atua na ação de dominação do Estado, retirando a autonomia do
processo educacional como um todo.
O
conhecimento sistemático não é de grande importância para esta pedagogia, já
que a matéria é apresentada para o aluno, porém não lhe é exigida. O que
realmente importa são as experiências vividas pelo grupo social principalmente
ocorrida de forma crítica, esse sim é o verdadeiro conhecimento, é ele que
proporciona respostas necessárias e condizentes às exigências sociais Está
inserida na pedagogia libertária quase todas as pedagogias antiautoritárias em
educação, onde se encontram a anarquista, psicanalítica, dos sociólogos e dos
professores progressistas.
Nesta
tendência, há uma transformação da personalidade num sentido libertário, as
matérias das disciplinas são apresentadas porém não exigidas, a aprendizagem se
dá de maneira informal através de grupos de estudo. O professor é um orientador
no processo ensino/aprendizagem o aluno tem liberdade de criação, não há
imposição.
Papel da escola: Exercer modificação na personalidade
do aluno para promover a autogestão;
Ensinar a se virar sozinho;
Aprender a conviver numa sociedade onde não há lider.
A pedagogia
libertária espera que a escola exerça uma transformação na personalidade dos
alunos num sentido libertário e autogestionário. A idéia básica é introduzir
modificações institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida,
vão contaminando todo o sistema. A escola instituirá, com base na participação
grupal, mecanismos institucionais de mudança (assembléias, conselhos, eleições,
reuniões, associações, etc.), de tal forma que o aluno, uma vez atuando nas
instituições “externas”, leve para lá tudo o que aprendeu. Outra forma de
atuação de pedagogia libertária, correlata à primeira, é – aproveitando a
margem de liberdade do sistema – criar grupos de pessoas com princípios
educativos autogestionários (associação, grupos informais, escolas
autogestionárias). Há, portanto, um sentido expressamente político, à medida
que se afirma o indivíduo como produto do social e que o desenvolvimento
individual somente se realiza no coletivo. A autogestão é, assim, o conteúdo e
o método; resume tanto o objetivo pedagógico quanto o político. A pedagogia
libertária, na sua modalidade mais conhecida entre nós, a pedagogia
institucional, pretende ser uma forma de resistência contra a burocracia como
instrumento da ação dominadora do Estado, que tudo controla (professores,
programas, provas,etc.), retirando a autonomia.
Conteúdos de ensino: Aprenderá o que quiser;
É disponível, mas não obrigatório;
Dar o conteúdo ao aluno caso ele queira aprender;
Interesse e necessidade do aluno, especialmente sua própria
realidade, o que esta ao seu redor.
As matéria
são colocadas à disposição do aluno, mas não são exigidas. São uns instrumentos
a mais, porque importante é o conhecimento que resulta das experiências vividas
pelo grupo, especialmente a vivência de mecanismo de participação crítica. Conhecimento aqui não é a investigação
cognitiva do real, para extrair dele um sistema de representações mentais, mas
a descoberta de respostas às necessidades e às exigências da vida social.
Assim, os conteúdos propriamente ditos são os que resultam de necessidades e
interesses manifestos pelo grupo e que não são, necessária nem
indispensavelmente, as matérias de estudo.
Método de ensino: O aprendizado será em grupo, aprendem entre o grupo
(alunos), eles que vão elaborar e escolher o que aprendem.
É na
vivência grupal, na forma de autogestão, que os alunos buscarão encontrar as
bases mais satisfatórias de sua própria “instituição”, graças à sua própria
iniciativa e sem qualquer forma de poder. Trata-se de “colocar nas mãos dos
alunos tudo o que for possível: o conjunto da vida, as atividades e a
organização do trabalho no interior da escola (menos a elaboração dos programas
e a decisão dos exames que não dependem nem dos docentes, nem dos alunos)”. Os
alunos têm liberdade de trabalhar ou não, ficando o interesse pedagógico na
dependência de suas necessidades ou das do grupo.
O progresso da autônima,
excluída qualquer direção de fora do grupo, se dá num crescendo: primeiramente
a oportunidade de contatos, aberturas, relações informais entre os alunos. Em
seguida, o grupo começa a se organizar, de modo que todos possam participar de
discussões, cooperativas, assembléias, isto é, diversas formas de participação
e expressão pela palavra; quem quiser fazer outra coisa, ou entra em acordo com
o grupo, ou se retira. No terceiro momento, o grupo se organiza de forma mais
efetiva e, finalmente, no quarto momento, parte para a execução do trabalho.
Relação professor-aluno: Não diretiva, o aluno faz o que quer;
O professor também faz o que quer;
O professor não é obrigado a dar respostas, seu silêncio pode
influenciar o grupo a buscar resposta.
A pedagogia
institucional visa “em primeiro lugar, transformar a relação professor-aluno no
sentido da não-diretividade, isto é, considerar desde o início a ineficácia e a
nocividade de todos os métodos à base de obrigações e ameaças”. Embora
professor e aluno sejam desiguais e diferentes, nada impede que o professor se
ponha a serviço do aluno, sem impor suas concepções e idéias, sem transformar o
aluno em “objeto”. O professor é um orientador e um catalizador, ele se mistura
ao grupo para uma reflexão em comum.
Se os alunos
são livres frente ao professor, também este o é em relação aos alunos (ele
pode, por exemplo, recusar-se a responder uma pergunta, permanecendo em
silêncio). Entretanto,essa liberdade de decisão tem um sentido bastante claro;
se um aluno resolve não participar, o faz porque não se sente integrado, mas o
grupo tem responsabilidade sobre este fato e vai se colocar a questão; quando o
professor se cala diante de uma pergunta, seu silêncio tem um significado
educativo que pode, por exemplo, ser uma ajuda para que o grupo assuma a
resposta ou a situação criada.
No mais, ao professor cabe a função de “aconselheiro” e, outras vezes, de
instrutor-monitor à disposição do grupo. Em nenhum momento esses papéis do
professor se confundem com o de “modelo”, pois a pedagogia libertária recusa
qualquer forma de poder ou autoridade.
Pressupostos de aprendizagem: Não formal;
Em grupo, uso prático do conhecimento;
Não tem avaliação.
As formas
burocráticas das instituições existentes, por seu traço de impessoalidade,
comprometem o crescimento pessoal. A ênfase na aprendizagem informal, via
grupo, e a negação de toa forma de repressão visam favorecer o desenvolvimento
de pessoas mais livres. A motivação está, portanto, no interesse em crescer
dentro da vivência grupal, pois supõe-se que o grupo devolva a cada um de seus
membros a satisfação de usas aspirações e necessidades.
Somente o
vivido, o experimentado é incorporado e utilizável em situações novas. Assim, o
critério de relevância do saber sistematizado é seu possível uso prático. Por
isso mesmo, não faz sentido qualquer tentativa de avaliação da aprendizagem, ao
menos em termos de conteúdo.
Manifestação: Principal é Francisco Ferrer. Forte
influencia ás escolas anarquistas do começo do século XX em São Paulo.
E também
Mauricio Tragtenberg: Acabar com a escola pública, só servem para manter o
poder. Forte crítica as universidades, escolas.
Outras tendências pedagógicas correlatas: A pedagogia libertária abrange
quase todas as tendências autiautoritárias em educação, entre elas, a
anarquista, a psicanalista, a dos sociólogos, e também a dos professores
progressistas. Embora Neill e Rogers não possam ser considerados progressistas (conforme
entendemos aqui), não deixam da influenciar alguns libertários, como Lobrot.
Entre os estrangeiros devemos citar Vasquez e Oury entre os mais recentes,
Ferrer y Guardiã entre os mais antigos. Particularmente significativo é o
trabalho de C. Freinet, que tem sido muito estudado entre nós, existindo
inclusive algumas escolas aplicando seu método.
A escola progressista libertária nega qualquer forma de
repressão e valoriza a produção do aluno, considera relevante o aprendizado que
terá um uso prático. Consideramos essas características, fundamentais para
qualquer método ou sistema de ensino.
Entre os estudiosos e divulgadores da tendência libertária pode-se citar
Maurício Tragtenberg, apesar da tônica de seus trabalhos não ser propriamente pedagógica,
mas de crítica das instituições em favor de um projeto autogestionário.
Conclusão
Aqui
brevemente foram delineadas a história, as características e a proposta da
tendência pedagógica libertária.
Muito
mais poderia ser aprofundado para que a compreensão pedagógica não seja limita
por preconceitos como, por exemplo, acerca da anarquia e do movimento operário.
Também há possibilidades de aprofundamento em relação às diferenças entre o
Brasil e a Europa na percepção e na prática das propostas libertárias.
Outro
desafio que permanece seria de como conceber os princípios autogestionários.
Afinal, como se afirma no pensamento libertário, a transformação precisa ser
desejada. Como fomentar esse desejo, se, muitas vezes, a pessoa explorada apenas
sonha em inverter a lógica, tornando-se exploradora? Como romper com as
estruturas institucionais burocráticas? Como romper com o capitalismo? Existe,
na tendência pedagógica libertária, um
autêntico desejo por mudanças. Assim, a tendência libertária é uma proposta que
não é omissa e nem neutra. Talvez, a sociedade atual não possua um objetivo
coletivo, algo fundamental a uma Pedagogia que se considere libertária.
A
educação formal é considerada nesta tendência um instrumento homogenizador e
impessoal, que compromete o crescimento dos educandos enquanto seres sociais.
Por isso é viabilizado a aprendizagem informal via grupo, é dentro desta
vivência que cada um dos membros do grupo irão suprir seus anseios e
necessidades imediatas. Então é considerado como um ato de educar somente as
experiências vivenciadas e sentidas, em que procura-se estabelecer o quanto
possível um critério de relevância entre o saber sistematizado e seu uso
prático. Por isso mesmo, não faz sentido qualquer tentativa de avaliação da
aprendizagem, ao menos em termos de conteúdo.
As
tendências libertadora e libertária tem alguns pontos em comum, visto que,
ambas valorizam a experiências e perspectivas dos alunos frente a realidade
política e social, dando mais valor ao processo de ensino-aprendizagem via
grupo (discussões, assembleias, votações) do que aos conteúdos propriamente
ditos.